Pesquisar este blog

domingo, 16 de setembro de 2018

TSR para o Brasil: segundo estudo com o método Monte Carlo

Olá, fiéis seguidores deste humilde blog !

Esta semana revisei e aprimorei esse post publicado há um ano. Sugiro ler para ter o contexto. 

Basicamente a idéia seria calcular qual seria uma taxa segura de retirada para a bolsa brasileira, haja vista que a regra de 4% foi estabelecida a partir do mercado norte-americano. Outro aspecto é que foi levando em conta rendimentos passados que certamente não se repetirão naquela determinada ordem.


Na época o mitológico blogueiro Viver de Renda sugeriu usar a média geométrica ao invés da aritmética, pra tentar reduzir o desvio padrão. Pra mim fazia sentido, porém a função GEOMEAN do Excel dava erro quando haviam números negativos. E rendimento negativo em bolsa tem aos montes.


Fuçando descobri o jeito de calcular a média geométrica. Mudei a planilha mas a volatilidade continuou igual. Aí descobri que a função NORMINV, que puxa os valores dentro da variação estatística, precisa da média aritmética, e não da geométrica. :-(

Depois desse vai e vem percebi que muitas vezes a simulação gerava rendimentos além da máxima e mínima histórica por causa do alto desvio padrão do IBovespa. Por isso a sequência de retiradas virava uma super gangorra e acabava comprometendo os resultados. Resolvi então impor limites. Se fosse gerado um rendimento maior que o teto histórico, este seria assumido e da mesma forma rendimentos abaixo da mínima histórica seriam substituídos por esta.


Esta acabou sendo a única alteração funcional no estudo. Para entender como a planilha funciona, veja o post anterior - TSR para o Brasil: meu primeiro estudo com método Monte Carlo.

Completei com os rendimentos de 2017 e rodei várias vezes com taxas de retirada de 2, 3 e 4%.

Resultados

Considerando:
  • Inflação 0% em todos cenários
  • Período SP500 -1/1/1950 em diante; IBOV 1/1/1996 em diante
Dada uma carteira de 1 milhão, simulei diversas vezes cada cenário e anotei a taxa de falha que mais apareceu. Taxa de falha seria a porcentagem de simulações onde a carteira zerou antes de terminar o período.

Indice Anos
Taxa de retirada            30            40            50
S&P 500 0,1 0,2 0,4
2% IBOV 2,5 3 3,8
IBOV USD 16 20 23
S&P 500 0,8 1,6 2,5
3% IBOV 5,5 6,5 7
IBOV USD 24 29 31
S&P 500 3,5 6,5 8
4% IBOV 10 11 12
IBOV USD 32 34 37

No cenário pelo S&P500 e TSR de 4% durante 30 anos (estilo Trinity Study) a taxa de falha ficou em 3,5%. Nos cenários usando o Ibovespa as taxas de falha foram sempre superiores a 10%, mesmo adotando um período mais estável (desprezando a época da hiperinflação). Convertendo os retornos para dólar para diminuir a volatilidade não ajudou, esta ainda foi imensa. Veja abas "Monte Carlo" e "Rendimentos".

Conclusão

O problema desse tipo de análise é que cada retorno é gerado independentemente do retorno anterior. Com isso ele não consegue simular coisas que acontecem na vida real como uma queda seguida de forte recuperação ou vários anos seguidos de bull/bear market. Existe uma técnica chamada "factoração de Cholesky" onde é possível criar uma correlação entre os rendimentos individuais, de tal forma que eles não sejam totalmente aleatórios. Parei por aí, fica pra uma próxima vez.

Pra quem tiver curiosidade, abaixo os links pra quem quiser brincar. Divirtam-se !


Monte Carlo Simulation: The Basics

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Balanço - Agosto/2018


Enfim saí do meu projeto super estressante. Queriam que eu ficasse até o fim do ano. Quando me falaram isso deixei rolar um pouco e depois pedi pra sair. O que não se faz pelo vil metal ?... Foram 6 meses de inferno e agora quero ver qual a próxima bucha.

Nossos ilustres presidenciáveis divulgaram seu patrimônio. Uma piada. Qual deles terá atingido a independência financeira ? Só rindo...

Saiu no New York Times um artigo sobre o movimento FIRE. A coisa vai ficando cada dia mais mainstream. Esse artigo em particular está bem feito, não tem tom sensacionalista como em outros artigos publicados na grande mídia. Só falha mesmo por associar o movimento aos millenials. Pode ver que dos expoentes citados no artigo só os blogueiros Millenial Revolution se encaixariam nesse grupo. Atualização: pra quem preferir, o UOL traduziu o artigo - veja AQUI.

O Tesouro Prefixado bateu 12% e não aguentei. Peguei o que estava parado na corretora e comprei alguns títulos, inclusive meus primeiros com juros semestrais. Se passar dos 12,50% compro mais. 

Enfim, eis o resultado de mais um mês de sangue, suor e lágrimas:
  • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: 60%
  • Rendimento global da carteira: 0,97% - muito bom; no ano 5,45%
    • Previdência Privada: -0,12% - horrível
    • Tesouro direto: 0,12% - a nova poupança
    • Renda Fixa (CDB, LCx): 0,73% - inabalável
    • Fundos: 0,59% - melhorando aos poucos
    • FGTS: 0,24% - normal
    • Ações: -2,34%
      • KLBN3 em destaque com alta de 13%, enquanto LAME4 despencou 14%
      • Dividendos diversos elevaram meu yield on cost para quase 3%, batendo a meta do ano. Agora é dobrar a meta ! :-)
    • FIIs: -0,53% - ABCP11 subiu 4,68%; BBFI11B derreteu quase 9%
    • USD: 10,67% - alta do dólar
    • EUR: 5,22% - alta do euro
    • Stock plan: 11,8% - alta da ação e do euro
Interessante notar que mesmo sendo somente cerca de 10% da carteira os ativos no exterior puxaram a rentabilidade geral com sua performance expressiva neste mês. Diversificar é essencial.

Todas rentabilidades acima são líquidas, com exceção de previdência privada. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pra cá, mais multas e impostos.

Indicadores do mês (mais detalhes nesse link):
  • CDI: 0,57% - superei; acumulado 4,32% no ano
  • IPCA: -0,09% - superei; no ano acumula 2,85%
  • Poupança: 0,37%; no ano acumula 3,08%

Próximos passos

Vou tirar um dia no próximo feriado só pra acertar minhas planilhas e planejar os próximos passos. A meta de abandonar o mundo corporativo está se aproximando e na verdade prefiro não pensar em abandonar, e sim ir pra um sabático por tempo indeterminado e depois vejo o que faço. 

Pensava em ir pra esse sabático já no final deste ano mas o Sr. Mercado não colaborou, ao mesmo tempo em que tive pesadas despesas - previstas e imprevistas. Na hora H vai ser duro. Terei mesmo coragem pra puxar o gatilho ? Vai ser fechar os olhos e mandar bala.

Faltam 270 dias.

PS: como é ruinzinho esse editor do blogspot... cada hora as letras saem de um tamanho, não importa como se formate.