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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

Quanto custa criar um filho ?


Alguém já parou pra pensar na conta a pagar por causa de alguns momentos de lazer ? :)

Eu parei pra pensar nessa questão quando decidi espalhar meus genes pelo mundo. Fui na internet, li alguns artigos e baixei algumas planilhas. Num avião voltando da Venezuela depois de uma viagem a trabalho (tempos bicudos), peguei os números sugeridos ali e adaptei pra minha realidade. Anos depois descobri esse negócio de FIRE e incorporei os números ao meu orçamento.

Ainda tenho essa planilha. Infelizmente não encontro mais o artigo de onde eu a baixei, mas isso não importa. Um outro artigo da época que me ajudou muito foi esse aqui, publicado no Dinheirama em 2013. Nesse mesmo portal dá pra achar um artigo quase igual com data mais recente porém com os mesmos números. Usando a calculadora do cidadão eu corrigi os valores pelo IPCA. Ficou assim (valores em milhares de reais):

Tipo de gastoClasse AClasse BClasse CClasse D
Alimentação183,54152,9572,9736,64
Babá e adicional empregada doméstica271,49240,900,000,00
Energia, telefone e TV a cabo94,6481,2624,859,18
Alimentação escolar74,5642,5423,900,00
Berçário, ensino fundamental e médio e universidade722,69328,84152,950,00
Cursos diversos90,0242,0626,770,00
Materiais didáticos, livros, CDs e revistas40,1534,4128,200,00
Mesada119,3383,4938,240,00
Transporte74,0951,6224,850,00
Academia, clube e associações90,5049,7122,940,00
Cinemas, teatros e shows48,1224,8515,307,65
Festas de aniversário319,7638,2415,300,00
Viagens, férias e passeios212,2238,248,280,00
Fundos/investimentos238,1945,897,650,00
Despesas diversas e farmácia59,4333,7829,000,00
Médicos particulares, pediatra e dentista58,790,000,000,00
Plano de saúde133,0491,7789,860,00
Brinquedos, informática, telefonia e novas tecnologias256,0358,3124,850,00
Roupas e calçados237,0771,7042,7032,02
Total3323,661510,55648,6185,49
Faixa salarial (a partir de)39,839,563,19


Será que é por aí mesmo ?


Este outro artigo do UOL destaca a grande diferença entre os valores para uma criança da periferia (classe D) e outra de um bairro nobre (classe A). A família da classe D deve gastar 60 mil (um pouco abaixo do estudo), enquanto que a da classe A 5 milhões (bem acima do estudo).

Aí você pode parar e pensar: mas não são todas crianças, com as mesmas necessidades de alimentação, educação, lazer e amor ? Porque tanta diferença ? Porque uma precisa de milhões e a outra menos de 100 mil ?

Tinha um artigo de um médico chamado Juan Lobo, publicado em seu blog, que fazia exatamente esse questionamento. Infelizmente tanto o artigo como o blog sumiram do mapa. Tendo em vista o estudo que mencionei acima (o do Dinheirama), ele calculou baseado na necessidade de calorias e no custo da cesta básica, conforme a idade, quanto alguém gastaria pra alimentar uma criança e quanto de fraldas iria gastar. Era muito interessante, uma pena que sumiu. 

Curiosamente esse médico concluiu que a quantia necessária era compatível com aquela estimada para a classe D, cerca de 60 mil reais de 2013, equivalente a 85 mil de hoje. Incrível, não ?

É claro que é um valor muito baixo, pois onde fica curso de inglês, natação, viagens, etc ? É que nesse artigo ele se propunha a calcular o custo do básico indispensável pra criar um filho: saúde, higiene, educação e alimentação. Ele contava que se usaria saúde e educação públicas. De fato dá uma baita economia, mas a que preço ?

A pegadinha


Uma coisa é fato: sempre que você vê pela estatística do governo ou de alguma pesquisa que na média uma família gasta X com isso ou aquilo, quase sempre isso quer dizer que pessoas financeiramente conscientes como os entusiastas da IFAP (ou FIRE) podem gastar bem menos sem sacrificar a qualidade. Principalmente se você olhar os números das classes A e B, que tem mais "bala na agulha".

Isso porque uma família média das classes A e B simplesmente gasta demais em quase tudo. Como a maioria das famílias não tem objetivos financeiros, elas simplesmente gastam tudo que ganham. 

O finado artigo dizia:

"As sugestões levam em conta gastos médios (não extravagantes) de uma família de classe média da Barra, Rio. Estes gastos variam muito."

Levando em conta as sugestões, o custo total ficaria em 870 mil, mais um custo de oportunidade que eu estimei em 2% ao ano, resultando em 912k. Compatível com o estudo do Dinheirama para uma família da classe B.

Meu número mágico


Sabendo da pegadinha, naquele vôo Caracas-São Paulo peguei as tais sugestões e fiz uns ajustes de acordo com a minha realidade. Já não tenho o valor original, porém revisei esses dias e cheguei a um valor próximo a 750 mil reais, incluindo o custo de oportunidade. É o que eu precisaria se tivesse um filho hoje.

De fato ficou bem abaixo de 1,5 milhões, valor estimado para a classe B naquele artigo de 2013, já corrigido pelo IPCA.

Pra quem quiser brincar com os números, a tal planilha pode ser baixada AQUI.

Veja também:

domingo, 1 de agosto de 2021

Balanço - Julho/2021: inflação segue fazendo estrago

O ano tá voando ! Daqui a pouco é natal !

Mês marcado pelo cansaço e adaptação no trampo. Essa fase vai passar. Mesmo estando fora do mercado há 2 anos consegui logo nesses primeiros dias resolver uns problemas cabeludos e arrancar elogios de colegas e clientes. Ou seja, o povo já se ligou que eu sou bom e posso fazer a diferença. Daqui pra frente é pisar no freio, ajustar pra velocidade de cruzeiro e procurar o botão do piloto automático.

Desempenho da carteira


Todas rentabilidades abaixo são líquidas, com exceção de previdência privada. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pro Brasil, mais multas e impostos.

Tesouro direto (Pré-fixado, IPCA, Selic): -0,6%
Um desastre !!!

Renda Fixa (CDB, LCx): 0,7%
Medíocre.

Fundos: 0,2%
Ridículo desempenho. Zerei posição no AF Invest Geraes, simplificando mais um pouco a carteira. Vou começar a zerar tudo que está patinando e transferir pro DNA Vision na XP, mais diversificado e fácil de acompanhar.

FGTS: 0,25%
O de sempre.

Ações: -3,8%
Mais volatilidade. Derreteu no fim do mês. Comprei mais um pouquinho de SAPR3, a qual voltou a cair. Estou com uns 30% de preju nesse papel. Vou carregar até o ano que vem pra ver no que dá.

FIIs: 2%; DY do mês ficou em 0,85% 
Excelente performance, recuperando parte do prejuízo desse ano. Será que é o começo da virada ? Desovei mais um pouco de SPTW11 e mês que vem devo zerar de vez. KISU11 deu uma caída e aproveitei pra entrar. Gosto da proposta desse FoF e quero usá-lo como pilar na minha carteira. Estou de olho no IFID11 e IFIE11. Não me animei ainda porque acho a liquidez muito baixa. Prioridade mesmo agora é enxugar a carteira.

EUR: 3,1%
Aumentei minha posição em fundos indexados que seguem a dívida de governos europeus, ações de países emergentes, ações globais e empresas do ramo imobiliário norte-americano.

USD: 4,2%    
Excelente, SP500 não para de subir !


Veja detalhes atualizados sobre a carteira no meu Painel de Controle.

Outros ativos


Colchão de segurança (SELIC, RF): 0,4%
Mais que isso não vai... Agora que estou trabalhando de novo vou diminuir esse colchão.

Pífio.

Resultado do mês


Rendimento global da carteira: 0,6%; no ano acumula 0,4%
Rendimento real nos últimos 12 meses: -3,6%
Taxa de poupança: 45%

Indicadores do mês:

CDI: 0,36%; no ano 1,64%
IPCA: 0,96%; acumulando 4,51% no ano
Poupança: 0,24%; no ano 1,12%

Como agora tenho renda ativa volta a taxa de poupança como métrica relevante.

A inflação segue muito alta e sem sinais de trégua. Não tenho conseguido manter o poder de compra da carteira. Estou levando uma surra. Não dá pra depender só de aporte pro patrimônio crescer. Rentabilizar os investimentos também é importante.

Próximos passos


A RV segue sendo RV com sua volatilidade. A RF não tem conseguido superar a inflação. Sou obrigado a tomar cada vez mais risco (cripto manda lembranças), me livrando de ativos atrelados à moribunda SELIC pra tentar me recuperar. Será que algum dia voltaremos a ter juros reais positivos ?

O que for caindo de dividendos de FIIs e ações e cupons do tesouro vou usando pra equilibrar a carteira no Brasil. Ainda estou me desfazendo de vários FIIs e rumando a uma carteira mais passiva, com mais peso em FoFs.

E o que sobrar do salário vai pros fundos de índice. Vou deixar uns 6 meses em cash pra qualquer emergencia ou oportunidade.

Bons investimentos a todos !