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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Vida de vagabundo: 200 e tantos dias sabáticos


Queridos fans da blogosfera de finanças (ou firesfera), 100 e tantos dias depois do último relato tá na hora de olhar pra trás e ver que diabos eu estou fazendo da vida afinal.

Acho que nada ilustra melhor esses últimos meses que a história mostrada no vídeo abaixo. Pra entender o que se passa e o conteúdo deste post, assista.



A jarra da vida continua cheia pra mim. Retirei uma bolinha - trabalho assalariado em tempo integral - mas coloquei outras: cuidar da família, fazer exercícios e estudar. Música e finanças continuam sendo somente pedrinhas, que eu tive que colocar na jarra depois das bolinhas, senão nao cabia. O blog especificamente tá mais pra areia. 

Isso explica porque minha intenção original de postar com mais frequência foi pro saco, assim como ler um livro por mês e fazer meditação. Pedrinhas, areia e cerveja que um dia eu gostaria de colocar na minha jarra:

  • cursos de desenvolvimento web, carpintaria
  • montar ou entrar numa banda
  • aprender a fazer pães e bolos
  • explorar fontes de renda passiva ou semi-passiva via internet
  • por a leitura em dia
  • meditação
Infelizmente o dia continua tendo apenas 24 horas.  Depois da independência financeira eu queria que alguém inventasse a independência temporal. :)

Tipicamente meus dias são assim:
  • Manhã: levar minha filha na escolha é a única obrigação. Depois vem cerca de uma hora de exercícios, uma hora de música e/ou uma hora cuidando da casa (limpeza, compras, consertos, arrumação, etc). Nem sempre rola fazer todos. As bolinhas tem prioridade.

  • Tarde: curso de idiomas ou levar filha pra atividades extra-escolares, depois cuidar  dela enquanto a patroa vai fazer seus cursos. Só bolinha nessa parte. Encaixo umas pedrinhas conforme dá.

  • Noite: Depois do jantar, ver algo no Amazon Prime Video ou mexer com música, as finanças da casa ou tentar ler um pouco. Qualquer coisa que eu não tenha conseguido fazer durante o dia e que eu me sinta mais motivado.

  • Nos fins de semana pelo menos um dia saio pra correr e o resto acaba sendo mais família - passeios, compras, ver filmes, etc... Nas brechas coloco umas pedrinhas e grãos de areia: música, estudar finanças, blogar, pesquisar assuntos de meu interesse, etc... bom, acho que aí tá mais pra cerveja :-)  

E assim enchi minha jarra. 



É raro eu pegar meia hora pra não fazer nada. Deitar no sofá sozinho com meus pensamentos. Como é bom (e necessário) se desligar, se desconectar do mundo... às vezes estou no processo de me desligar quando lembro que esqueci de fazer algo de alguma das minhas "to-do lists", ou que tem aquela conta pra vencer, ou a patroa chega em casa e o cérebro já liga de novo.


A gente aqui em casa já brinca falando que eu quero arrumar um trabalho pra poder descansar. Querer eu quero, já explico o porquê. Só que agora trabalho é uma parte que eu prefiro que seja uma pedrinha e não uma bolinha. Trabalho em tempo integral e por tempo indeterminado se depender de mim não faço mais. Freelances e projetos temporários são pedrinhas que eu consigo encaixar na jarra. 

Tenho sido contactado por headhunters pelo menos uma vez por mês e já cheguei até perto de fechar algo mas por enquanto nada. Gostaria de faturar algo nesses primeiros anos fora da corrida dos ratos, pois ainda conservo fresca na memória minha experiência em TI, o que me renderia uns trocados a mais. Passados alguns anos estarei obsoleto e totalmente fora do mercado, tendo que me contentar com trabalhos que pagam menos - professor de inglês, motorista de Uber, sei lá. Por isso o foco em achar algo logo nos primeiros anos.

Fica claro que não me considero aposentado, continuo num sabático por tempo indeterminado. Acho difícil que eu nunca mais tenha um emprego. Uma hora aparece algo mais tranquilo, pra tirar uns trocados antes de mais um sabático.

Financeiramente falando, entro 2020 com a seguinte alocação:

Ativo Alocação Alvo Real
Tesouro Direto 23% 22%
LC*, CDB (incl FGTS) 20% 22%
Debêntures/CP 5% 6%
Ações 6% 6%
FIIs 12% 12%
EUR 8% 7%
USD 6% 5%
Ouro 4% 3%
Fundos MM 16% 18%

Renda fixa - 44%
Renda variável - 29%
Multimercado - 27%

Todos percentuais muito próximos do alvo que eu estabeleci, então nada de rebalanceamento por enquanto.

Em cima disso ainda tenho Tesouro SELIC e Fundo DI o suficiente para cobrir 2 anos de despesas caso todos os dividendos cessem hoje; 4 anos se continuarem no ritmo atual. Fora algo em previdência privada.

200 e tantos dias depois, a carteira continua intacta, tendo conseguido até um aumento real:

MêsTaxa de retiradaRend. líquido
Jul0,22% -0,03%
Ago0,18% 0,79%
Set0,16% 1,17%
Out0,15% 1,32%
Nov0,05% -0,05%
Dez0,21% 0,36%
TOTAL0,98%3,56%

Lembrando que essa taxa de retirada é a diferença entre as despesas e os dividendos, estimada em no máximo 0,27% ao mês ou 3,2% ao ano.

Parece que em julho e novembro acabei retirando mais do que rendeu. Na prática isso ocorreu somente em julho, um mês com gastos atípicos por causa da mudança e onde eu ainda não tinha renda de aluguel. Em novembro a renda do aluguel ajudou a cobrir todos os gastos e ainda sobraram alguns trocados. No geral os 6 primeiros meses terminaram com um saldo positivo - gastei bem menos do que a carteira rendeu.

E que venham os próximos 200 dias !

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Balanço - Dezembro/2019; Diretrizes para 2020


Feliz ano novo !

Como passa rápido... parece que foi outro dia que eu chutei o balde e parti pra essa aventura de auto-conhecimento e mudanças enquanto vivo do "vento". Vou ter que fazer outro post pra detalhar melhor como andam as coisas. Por enquanto fica registrada a marca histórica de 200 dias.

Esse mês enquanto a carne foi o vilão da inflação eu fui viajar e torrei uma graninha. Ao mesmo tempo as ações e FIIs dispararam de um jeito que eu fiquei até meio tonto.

E vamos aos números desse mês maluco onde renda variável voou:

Tesouro direto (Pré-fixado, IPCA, Selic): 0,47% - fraco

Renda Fixa (CDB, LCx): 0,46% - fraco

FGTS: 0,25% - o de sempre

Fundos: 1,74% - excelente

Ações: 9,33% - é tudo ou nada esse negócio; DY do ano fechou em 2,9%

FIIs: 7,01% - é bolha ?!; DY do mês ficou em 0,57%, fechando o ano em 6,56%

EUR: -2,14% - leve queda no euro

USD: -2,50% - leve queda no dólar 

Stock plan: -5,25% - leve queda no euro e na ação 


Alocação atual:

Renda fixa - 44%
Renda variável - 30%
Multimercado - 26%


Outros ativos:

Previdência Privada: 1,15% - voou na aba da bolsa

Colchão de segurança (Tesouro SELIC, Fundo DI): 0,3% - medíocre

Concluindo:

Rendimento global da carteira: 1,51% - sensacional ! No ano fechou em 13,59%
Rendimento global da carteira, líquido de inflação: 0,36%

Taxa de retirada: 0,21% - dentro da meta

Nesse momento estou planejando uma taxa anual de retirada por volta de 3,2% ao ano no máximo, o que daria uma retirada mensal de 0,27%. A taxa de retirada é calculada em cima da carteira do mês anterior, já descontando dividendos recebidos neste mês. Ou seja é retirada mesmo (venda de ativos).

Todas rentabilidades acima são líquidas, com exceção de previdência privada. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pro Brasil, mais multas e impostos.

Indicadores do mês:

CDI: 0,37%; no ano fechou em 5,96%
IPCA: 1,15%; no ano deve fechou em 4,31%
Poupança: 0,29%; no ano fechou em 4,25%

Melhores investimentos do ano: Stock plan (182%), FIIs (28%) e USD (28%). 
Piores investimentos do ano: FGTS (5,8%), RF (5,8%) e EUR (9,9%).

Foi um ano muito bom financeiramente. O que rendeu bem disparou e o que rendeu menos não foi tão ruim assim.

Próximos passos

Esse ano devo contar com rentabilidades menores em previdência privada e stock plan, pois uma parte do investimento era subsidiado pela empresa. Acabou a moleza.

No geral estou pensando assim:

- Renda variável: não vender nada do Brasil. Aportes com grana vinda da renda fixa estão liberados. Prioridade na bolsa brasileira vai ser ETFs e small caps. No exterior, pretendo vender todas minhas ações do stock plan e reaplicar em ETFs e fundos de índice na Europa, além de seguir comprando IVVB11 sempre que possível.

- Renda fixa: quase todo mês tem algum CDB vencendo, a idéia é reinvestir caso não haja nenhuma oportunidade na RV. Tesouro Direto só se o IPCA+ bater 4% mas posso colocar algo lá já a partir de 3,5%. Preservar o poder de compra é muito importante, e garantir algo de juros reais na era dos juros 0 é preciso.

- Multimercados: sair do Gripen (uma decepção) e jogar o resgate pros outros ou pra RV/RF - o que valer mais a pena.

- Previdência privada: devo jogar algo pra PGBL pra reduzir minha carga tributária. 

- Colchão de segurança: resgatar o que for preciso pra custear minha vida de vagabundo

- Bitcoin: continuar olhando e comendo pipoca

Para 2020 meus cálculos indicam que a carteira aguentaria uma taxa de retirada máxima de 3,5%. Deduzindo os dividendos estimados, eu poderia retirar 2,6%. Cruzando com a  projeção atual de despesas, estimo que vou efetivamente retirar algo em torno de 2% somente.

Em 2019 eu estimei uma taxa de retirada máxima de 4%; menos dividendos, 3,2%; no fim  efetivamente eu retirei só 0,5% de julho a dezembro, o que daria 1% no ano.

Comparando 2019 e 2020 percebe-se o impacto da queda de juros. Não posso mais retirar o mesmo que antes sem consumir uma parte do principal. Mas tudo bem, ainda dá. E se com os juros na mínima histórica eu ainda consigo me virar, imagina quando subir. Porque tudo que desce, tem que subir. :)

Feliz 2020 !