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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Mais sobre meu auto-exílio


O leitor AdvFire, que foi até entrevistado no podcast do Sr.IF365, me mandou várias perguntas sobre como vim parar aqui e como vou me virar com dinheiro nesses anos. Ele está nos últimos anos da fase de acumulação, já pensando concretamente em chutar o balde e também passar uma temporada (ou várias, não sei) no velho mundo.

Agradeço ao AdvFire pela visita ao blog e pelo interesse ! Entendo perfeitamente a solidão de quem está nessa caminhada, em meio a um mundo afogado em dívidas e consumismo fútil. Só mesmo na internet pra achar alguém com quem conversar sobre o assunto. Além dos blogs é possível falar de IF neste fórum do Reddit.

Resolvi fazer esse post pra responder, pois ao mesmo tempo acho que pode ser útil a outros leitores que almejam a mesma coisa: morar fora do país mesmo que seja por algum tempo, logo após conquistar a independência financeira, ou até durante um período sabático (semi-FIRE).

Então o que eu levei em conta pra partir pra esse auto-exílio ?


Pra escolher qual cidade viria não levei em consideração a qualidade de serviços públicos pois basicamente isso é padrão em toda Europa ocidental, variando do razoável ao bom. Levei mesmo em conta foi o custo de vida. Tinha que ter um custo de vida mais baixo e uma oferta razoável de atrações, ao lado de uma cultura que eu já conhecesse de viagens anteriores. Malha de transportes razoável pra visitar cidades ao redor também, mesmo que não tivesse aeroporto internacional.
 
O segundo fator que levei em conta foi a possibilidade de tirar cidadania. Isso nem é pra mim, e sim pra minha filha. Se não fosse por ela eu nem tinha me mudado, teria ficado no Brasil mesmo. Se um dia o Brasil virar Venezuela, ela terá um plano de fuga. Eu já estou velho, pra mim passaporte europeu só vai servir quem sabe um dia pra ir pra Miami comprar muamba sem precisar de visto.

Assim como o Sr. IF365, Corey e o Viver de Dividendos, não fiz Declaração de saída definitiva. Minha saída nem é definitiva, cacete !! Não vou esquentar cabeça com isso por causa de alguns anos. Recomendo este vídeo do Viver de Dividendos sobre o assunto. É polêmica a questão, não recomendo fazer como fiz e sim estudar e ver o que fica melhor pra cada um.

Voltando ao ponto do custo de vida, no meu orçamento pós-IF estão previstos gastos com viagens a lazer, tanto domésticas quanto internacionais. Penso em ir ao Brasil uma vez por ano ver a família e, conforme o calendário escolar permitir, dar um pulinho em outras cidades/países. Recomendo estes 2 posts para mais detalhe - alguma coisa já mudei mas o fundamental está ali ainda:
A parte cash da carteira detalhada acima está sendo parcialmente consumida agora mas a partir do ano que vem será reposta com remessas, provavelmente bimestrais. Não recomendo levar muito dinheiro de uma vez, melhor ir aos poucos, investindo e fazendo preço médio.

Aluguei uma casa já mobiliada, o que é uma mão na roda pra quem tá chegando. Pra quem quiser ver preços de móveis, é só procurar no site do Ikea – loja super conhecida, presente em vários países. Tirando os custos iniciais de mudança, calculo viver com cerca de 1900 euros por mês, sem muito luxo. Se quiser morar no melhor bairro, numa casa bacana, ter um bom carro, jantar fora todo fim de semana, ficar em bons hotéis quando viaja, calcule logo 3 ou 4 mil. Aí você vive bem em Portugal, Espanha, leste europeu e algumas regiões da Itália e França eu acho. Da Suiça pra cima o bicho pega, o custo de vida é bem mais alto. Site recomendado para comparar o custo de vida em várias cidades do mundo: Numbeo.

Se a coisa apertar minha ideia é diminuir o padrão de vida. Nada de voltar ao Brasil antes de conseguir cidadania ! Cortar viagens, restaurante, morar numa cidade mais barata, numa casa mais barata, tudo é válido. Meu plano tem flexibilidade e várias linhas de defesa. Mais detalhes sobre os planos A, B e C no post abaixo:
Acho que é por aí. Na verdade, não importa onde você mora – São Paulo, Tóquio ou Paris. No fim vira tudo uma taxa de retirada em cima de uma carteira e as estratégias para fazê-la render mais – isso sim me interessa.

Qualquer dúvida, deixe seu comentário que eu vou respondendo.

Fui !

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Balanço - Setembro/2019



Mais um mês sobrevivendo de renda “passiva”. Entre aspas pois se você parar pra pensar, nada mais é que uma renda ativa recebida lá atrás que virou alguns investimentos que agora rende dividendos ou juros. Pra receber tal renda obviamente tive que vender minha força de trabalho e neurônios para uma grande corporação. Veja aqui o interessante post do colega Uó sobre a questão.

Estou com uma rotina mais definida. Levar ou buscar minha filha na escola, fazer caminhadas, acompanhar meus investimentos, estudo de idiomas e um pouco de música. Está faltando uma brecha pra encaixar as leituras com consistência no entanto. Estou há uns 6 meses lendo aos poucos o livro “Foi apenas um sonho” (Revolutionary Road, título original). É uma história sobre um casal entediado com a mediocridade de sua vidinha suburbana nos EUA e a corrida dos ratos. Estou na parte onde o cidadão conta pras pessoas que vai sair do seu respeitável e estável emprego pra buscar seus sonhos, vivendo de vento em Paris. Imediatamente todos começam a julgá-lo como louco ou irresponsável, perplexos sem entender o porquê dessa decisão. Hmm... acho que já vi esse filme



Outro headhunter entrou em contato comigo, mandei meu currículo mas no fim não deu em nada. Continuo vagabundando. Mais ou menos... sempre tem alguma coisa pra resolver. Peguei um dia e dei uma bela revisada na minha planilha de investimentos. Uso a planilha do AdP modificada: incluí controle de despesas e agora cálculo de renda passiva estimada, mês a mês. Ficou bala ! Bom, pelo menos até que eu invente mais alguma coisa pra enfiar nela (já está um monstro).

Está rolando uma pesquisa sobre o movimento FIRE brasileiro, realizada pelo blog Aposente aos 40. Já respondi, e você ? Vamos lá !

Agora chega de lero-lero e vamos aos números:

Tesouro direto (Pré-fixado, IPCA, Selic): 2,66% - bombou !

Renda Fixa (CDB, LCx): 0,45% - medíocre

Fundos: 0,3% - ridículo

FGTS: 0,25% - sem comentários... mal vejo a hora de poder sacar essa grana

Ações: 1,45% - subiu tudo, menos SAPR3 que caiu mais de 10%

FIIs: 1,55% - excelente, subiram quase todos da carteira. RBED11 lançou subscrição mas preferi não entrar. Com a queda da cotação comprei mais cotas a preço de mercado mesmo. Somando os proventos acaba dando na mesma que subscrever e esperar os dividendos da cotas subscritas.

EUR: 2,81% - excelente

USD: 1,87% - maravilha, obrigado Mr. Trump !

Stock plan: -0,8% - leve queda nas ações


Alocação atual:

Renda fixa - 43%
Renda variável - 30%
Multimercado - 27%

Outros ativos:

Colchão de segurança (Tesouro SELIC, Fundo DI): 0,37% - tá bom, mais que isso não vai

Previdência Privada: 1,1 % - surfei na alta da bolsa

Concluindo:

Rendimento global da carteira: 1,13% - sensacional ! No ano acumulo 9,69%
Taxa de retirada: 0,08% - dentro da meta.

Nesse momento estou planejando uma taxa anual de retirada por volta de 3,1% ao ano no máximo, o que daria uma retirada mensal de 0,26%. A taxa de retirada é calculada em cima da carteira do mês anterior, já descontando dividendos e aluguel recebidos neste mês. Ou seja é retirada mesmo.

Todas rentabilidades acima são líquidas, com exceção de previdência privada. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pro Brasil, mais multas e impostos.

Indicadores do mês:

CDI: 0,47%; no ano acumula 4,82%
IPCA: -0,04%; no ano são 2,56%
Poupança: 0,34%; no ano 3,66%

Próximos passos


HTMX11 parece que vai abrir subscrição também e provavelmente vou aproveitar, reinvestindo alguns lucros realizados durante setembro: LAME4, KLBN3 e GRND3.

Mais um CDB vence em outubro e devo reaplicar. A menos que mais alguma declaração polêmica da dupla Trump-Bolsonaro derrube a bolsa, gerando uma oportunidade de compra.

Outro ativo em vista é IVVB11. Faz um tempão que não compro nada e gostaria de aumentar posição em ativos atrelados ao dólar.

De resto é estudar e tocar minha vidinha.


Até a próxima !