Pesquisar este blog

terça-feira, 12 de junho de 2018

Minha estratégia para viver de renda passiva - versão 2.0

Enfim consegui dar uma bela arredondada nesse plano. Veja aqui a primeira versão.
Retomando, eu tinha dois modelos em mente:

1. Múltiplas fontes de renda passiva, depositando dinheiro na minha conta mensalmente
2. Diversos "baldes" de dinheiro, alocados por prazo e/ou percentual, de onde eu iria retirando à medida que precisasse


Enquanto a versão 1.0 se concentrava no modelo 1, esta já parte mais na direção do modelo 2. 
Este plano é baseado nos seguintes pilares:

- Mudança para alguma cidade com custo de vida menor, usando o aluguel do meu apartamento para pagar aluguel lá e ainda sobraria algum dinheiro. Meu apartamento não seria mais um passivo, estaria gerando renda.
- Para complementar o aluguel, dividendos de FIIs e ações - seria o suficiente para cobrir minhas despesas fixas
- Divisão dos ativos em duas categorias, uma delas pra longo prazo e sujeita a uma estratégia de alocação de ativos de acordo com porcentagens definidas; a outra contendo ativos com valores alvo dependendo de outros critérios - basicamente reservas de segurança
- 3 baldes de dinheiro: curto, médio e longo prazo
- Cupons do Tesouro ? Opcional


Considerando despesas mensais numa média de 9000, defini taxas de retirada acima da inflação, testei vários números e cheguei nesse resultado:


ClasseAAAtivoAlocação AlvoValorTRRenda anualMensal potencialCarteiraLiquidez
Renda FixaSimTesouro Direto30%7500004%300002500BTrimestral / Mensal
Renda FixaSimLC*, CDB (incl FGTS)15%3750004,5%168751406BTrimestral
MistoSimDebêntures5%1250004,5%5625469BBimestral
Renda VariávelSimAções5%1250002%2500208AVariável
Renda VariávelSimFIIs10%2500007%175001458AMensal
Renda VariávelSimEUR6%1500003,5%5250438BMensal
Renda VariávelSimUSD4%1000003,5%3500292CMensal
MistoSimOuro5%1250002%2500208BMensal
MistoSimFundos MM20%5000005%250002083BBimestral
MistoNãoPrev Privada
3540003%10620885CBimestral
ImóvelNãoApto
7500004%300002500AMensal
ColchãoNãoSELIC
2320002,5%5800483BMensal
Dia a diaNãoFundoDI + Poupança
58000100%580004833AMensal

Patrimônio alvo TOTAL
3.894.000
Em Dinheiro
3.144.000

TR = taxa de retirada acima da inflação. 

Para verificar os números acima de outra forma, usei o método descrito no post "Qual o número mágico ? Parte II". Inclusive, está na hora de publicar uma revisão (assunto pra outro post). Basicamente eu lancei os dados da curva de juros e inflação futuros (fonte) e obtive uma taxa de juros real que, se aplicada ao montante de despesas ali planejados, me dá um valor de patrimônio próximo ao contabilizado acima. Seria o valor necessário para garantir que o dinheiro principal nunca diminuiria acabaria, mas isso não é um pré-requisito pra mim.

Veremos a seguir o que seriam os 3 baldes e porque não me importo em dilapidar o patrimônio-alvo.

1. Dia a dia

Reserva de curto prazo. Aqui mantenho um ano de despesas, descontando a renda esperada de aluguel, FIIs e Ações. Um mês seria mantido em poupança e 11 meses em algum fundo DI com liquidez D+0. Uso a renda de aluguel, FIIs e ações para pagar as despesas fixas e vou retirando daqui o que for preciso pra cobrir o resto no dia a dia. Resgataria de preferência do fundo, deixando a poupança pra caso precisar de dinheiro fora do horário bancário.

Ao final do ano esta reserva ficaria zerada, sendo reposta no início do ano seguinte a partir dos próximos baldes.

Esta reserva faz parte da carteira A acima. Renda estimada de cada ativo:


LiquidezAtivoRenda mensal
MensalFIIs1458

Apto2500

FundoDI+Poupança4833
Mensal Total - Mensal potencial
8792
VariávelAções208
Variável Total - Mensal potencial
208


9000

2. Colchão

Reserva de médio prazo. 4 anos de despesas, descontando a renda esperada de aluguel, FIIs e Ações. Serve como primeira linha de defesa caso estas fontes falhem. Tudo alocado em Tesouro SELIC. Se tudo der certo e não precisar tirar nada daqui durante o ano fica uma rendinha extra estimada em 483 reais por mês pra crescer o bolo.

No início de cada ano resgataria preferencialmente daqui para preencher outra vez a reserva do dia a dia. O colchão será reposto caso o próximo balde tenha obtido lucro.

3. Alocação de ativos (Investimentos)

Seriam todos os ativos marcados como "Sim" na coluna "AA". É a reserva com ativos para longo prazo, menor liquidez ou maior volatilidade. Eventualmente se seus lucros forem suficientes eles podem pingar diretamente na reserva do dia a dia, caso contrário permaneceria intacta.

Alocação alvo:
Renda Fixa 45%
Renda Variável 25%
Multimercados 30%

Brincando com os números vi que 2,5 grandes milhos seriam suficiente nesse balde. Talvez um pouco menos... ponto em aberto.



Carteiras A, B e C

Esta classificação se refere à prioridade para retiradas. A carteira A vimos acima, seria a fonte de renda para subsidiar meu dia a dia. A carteira B contém os ativos que serviriam para repor a reserva do dia a dia e o colchão, de acordo com a taxa de retirada estabelecida. Pelos números acima ela teria que gerar pelo menos 58 mil por ano, valor da reserva do dia a dia. Será que consegue ?


LiquidezAtivoRenda Mensal
BimestralFundos MM2083

Debêntures469
Bimestral Total - Mensal potencial
2552
MensalEUR438

Ouro208

SELIC483
Mensal Total - Mensal potencial
1129
TrimestralLC*, CDB (incl FGTS)1406
Trimestral Total - Mensal potencial
1406
Trimestral/MensalTesouro Direto2500
Trimestral/Mensal Total - Mensal potencial
2500


7588

7.588 x 12 = 91.056, ou seja, dá é sobra ! Essa sobra é mais uma linha de defesa.

CDBs, LCIs e LCAs vou organizando aos poucos pra ter pelo menos um papel vencendo a cada trimestre. Se for preciso retiro uma parte, se não reinvisto tudo de volta. 

Tesouro Direto seriam os IPCA+ e pré-fixados normais mesmo, sendo vendidos ou comprados conforme a estratégia de alocação. Uma parte em SELIC talvez, pra amansar um pouco a volatilidade da marcação a mercado... Liquidez mensal no caso de vender os próprios títulos se precisar e trimestral caso no futuro eu opte por comprar os que distribuem cupons.

Debêntures e Ouro estou começando através de fundos, por isso coloquei como Misto e não Renda Variável. Mais pra frente, com mais tempo livre, posso mexer nisso. Debêntures é minha opção nesse momento em que o Tesouro está com juros mais baixos, do contrário eu nem incluiria na carteira.

A carteira C é composta de previdências privadas da empresa atual e anterior. Valor que eu até poderia retirar pagando multas e impostos, mas prefiro deixar lá até eu fazer 60 anos. Fica de herança se eu morrer antes. Minha idéia é deixar sempre com 10% do patrimônio, servindo assim pra pagar meu inventário.


Como disse a idéia é só mexer nessa carteira C se a coisa realmente apertar - queda do Tesouro, FIIs e ações deixando de pagar dividendos, falta de inquilino por longo tempo, etc... A carteira C seria a terceira linha de defesa.

E se tudo der errado ?

Basicamente é a mesma idéia da versão 1.0:
  • Cortar despesas é totalmente viável. Adiar aquela viagem pro exterior, troca do carro, cortar restaurante e outros pequenos luxos. 
  • Despesas reduzidas, aluguel baixando ou faltando, ações e FIIs sem pagar dividendos por vários anos: não restaria outra alternativa senão vender ativos, fazer retiradas acima da inflação e comprometer o principal dos investimentos.
  • Governo dando calote nos títulos do Tesouro: neste cenário Mad Max, eu estaria morando no interior, com espaço para plantar e criar alguns animais para me alimentar. Ainda teria uma reserva em ouro e moeda estrangeira para complementar.
Não faço questão de deixar dinheiro para herdeiros. Prefiro investir em boa educação para gerar oportunidades com as quais eles enriquecerão sozinhos e quem sabe até me ajudarão se eu precisar. Nesse processo gerarão riqueza por si mesmos, melhorando um pouco o mundo a seu redor. Por isso não me preocupa consumir o principal do investimento por algum tempo se for preciso.

Pontos em aberto, pontos fechados

Consegui preencher um pouco mais as lacunas deixadas na versão 1.0 mas mesmo assim ainda não tenho certeza em alguns pontos. Pontos fechados:
  • Apartamento: vou mantê-lo até o momento em que o mercado estiver aquecido de novo e aí vender, aplicando o dinheiro
  • Margem de segurança: contabilizada e parte integral do plano
  • Renda mensal pra que ? Como assalariado sempre fui organizado e nunca vivi de contra-cheque em contra-cheque. Essa estratégia me permite sacar mais quando preciso e deixar rendendo em meses com menos despesas.
Pontos em aberto:
  • Alocação ideal dos ativos: me incomoda tanto dinheiro em Tesouro Direto... muitos ovos numa única cesta. Aumentar alocação em FIIs ? Moeda estrangeira ? Ações ?
  • Reinvestimento dos títulos: só Deus sabe qual taxa eu pegaria no vencimento de cada título, mas aí não tem muito o que fazer fora tentar superar a inflação
  • Impostos: sem depender de cupons do TD, resgatando apenas o necessário pro dia-a-dia, resolve-se parcialmente a questão da ineficiência tributária e o bolo tem mais liberdade para crescer. Porém na versão 2.0 eu pagaria imposto 2 vezes: ao resgatar do colchão/carteira B para preencher a reserva do dia-a-dia e outra vez ao resgatar dali. Resgatar do direto do colchão nos 2 primeiros anos ? Aumentar a reserva do dia-a-dia para 3 anos ?

Conclusão

Muito complicado ? Complicado mesmo é juntar essa grana. Resiliência é a arte de se foder e continuar de pé. Não quero virar vagabundo. Eu preciso.


Fica a idéia pra quem quiser aperfeiçoar e adaptar pra sua realidade ou gosto pessoal. Este plano é um trabalho em progresso. Críticas e sugestões são bem vindas.


É claro que existe risco. Mas nessa vida nada é garantido. Você pode trabalhar até os 70 anos, juntar 10 milhões de dólares e no dia seguinte sofrer um acidente ou ataque cardíaco, sem aproveitar nenhum fruto do seu trabalho. Ou você pode trabalhar menos tempo, juntar menos dinheiro e se aposentar mais jovem, com mais energia pra aproveitar o que construiu. Porém aumenta o risco de acabar o dinheiro. É uma questão de escolha e a minha está feita.

Para diminuir o risco de acabar o dinheiro, estruturei as várias linhas de defesa explicadas acima: "colchão", carteiras B e C. Fora isso, ainda pretendo trabalhar com algo que me interesse e gerar alguma renda pelo menos nos primeiros anos de IF.


E assim começa a contagem regressiva... Faltam 353 dias.

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Balanço - Maio/2018

Que mês, meus amigos, que mês !

Acabo de juntar os cacos pra ver o tamanho do estrago. Como ponto positivo vejo que tive somente uma pequena redução no patrimônio, apesar da rentabilidade negativa. Outro ponto muito positivo foram os dividendos de FIIs e ações, maiores que o mês anterior.

Justamente num mês em que estou com gastos nas alturas preparando uma viagem internacional me vem essa crise toda. Apesar do tombo, no acumulado do ano continuo superando o CDI e, mais importante, a inflação.

Juntando os cacos, eis o resultado do mês:
  • Taxa de poupança ( (receitas - despesas) / receitas) de acordo com o GuiaBolso: -17%
  • Rendimento global da carteira: -0,59%; acumulado de 2018: 2,94%
    • Previdência Privada: -0,12% - merda
    • Tesouro direto: -1,06% - um desastre 
    • Renda Fixa (CDB, LCx): 0,70% - inabalável, a salvação da lavoura 
    • Fundos: -0,96% - uma tragédia
    • FGTS: 0,24% - sem comentários
    • Ações: -9,50% - caiu tudo, sendo UGPA3 a pior com -17%
    • FIIs: -2,48% - despencou tudo, tendo BBFI11B derretido 17%
    • USD: 8,48% - Tio Sam salvou a pátria 
    • EUR: 3,97% - alta do euro 
    • Stock plan: 19,28% - alta do euro, da ação, dividendos, bonificação, só alegria !
Indicadores do mês:
  • CDI: 0,52%, acumulado 2,64%
  • IPCA: 0,40%; acumulado 1,33%
  • Poupança: 0,37% (um dos melhores investimentos do mês !); acumulado 1,94% em 2018

Alocação atual:
Renda FixaRenda VariávelMulti mercado
52,4%23,0%24,6%

Próximos aportes serão Tesouro SELIC, Debêntures, Ouro e IVVB11. Vou manter a posição em FIIs e ações, apenas realizando alguns lucros para comprar mais dos ativos mais defasados.

Fiz uma revisão completa no meu plano pra viver de renda passiva e quero fazer um post nos próximos dias. Fiquei muito feliz ao ver os números se alinharem com minha planilha do número mágico. Acho que vai ser útil para outros perseguidores da IF.

Estou pensando em mudar algumas coisas na minha contabilidade:
  • Jogar FGTS como renda fixa (uma espécie de CDB de 3 anos a 50% do CDI) ou fundos ?
  • Mover IVVB11 para USD
  • Unificar Stock Plan e EUR
  • Alinhar a famosa planilha AdP com o plano revisado para viver de renda passiva
Basicamente maio/2018 foi um mês perdido na caminhada para a IF, porém esta virá, inevitavelmente.