Enfim consegui dar uma bela arredondada nesse plano. Veja aqui a primeira versão.
Retomando, eu tinha dois modelos em mente:
Retomando, eu tinha dois modelos em mente:
1. Múltiplas fontes de renda passiva, depositando dinheiro na minha conta mensalmente
2. Diversos "baldes" de dinheiro, alocados por prazo e/ou percentual, de onde eu iria retirando à medida que precisasse
Enquanto a versão 1.0 se concentrava no modelo 1, esta já parte mais na direção do modelo 2.
Este plano é baseado nos seguintes pilares:
- Mudança para alguma cidade com custo de vida menor, usando o aluguel do meu apartamento para pagar aluguel lá e ainda sobraria algum dinheiro. Meu apartamento não seria mais um passivo, estaria gerando renda.
- Para complementar o aluguel, dividendos de FIIs e ações - seria o suficiente para cobrir minhas despesas fixas
- Divisão dos ativos em duas categorias, uma delas pra longo prazo e sujeita a uma estratégia de alocação de ativos de acordo com porcentagens definidas; a outra contendo ativos com valores alvo dependendo de outros critérios - basicamente reservas de segurança
- 3 baldes de dinheiro: curto, médio e longo prazo
- Cupons do Tesouro ? Opcional
- Divisão dos ativos em duas categorias, uma delas pra longo prazo e sujeita a uma estratégia de alocação de ativos de acordo com porcentagens definidas; a outra contendo ativos com valores alvo dependendo de outros critérios - basicamente reservas de segurança
- 3 baldes de dinheiro: curto, médio e longo prazo
- Cupons do Tesouro ? Opcional
Considerando despesas mensais numa média de 9000, defini taxas de retirada acima da inflação, testei vários números e cheguei nesse resultado:
Classe | AA | Ativo | Alocação Alvo | Valor | TR | Renda anual | Mensal potencial | Carteira | Liquidez |
Renda Fixa | Sim | Tesouro Direto | 30% | 750000 | 4% | 30000 | 2500 | B | Trimestral / Mensal |
Renda Fixa | Sim | LC*, CDB (incl FGTS) | 15% | 375000 | 4,5% | 16875 | 1406 | B | Trimestral |
Misto | Sim | Debêntures | 5% | 125000 | 4,5% | 5625 | 469 | B | Bimestral |
Renda Variável | Sim | Ações | 5% | 125000 | 2% | 2500 | 208 | A | Variável |
Renda Variável | Sim | FIIs | 10% | 250000 | 7% | 17500 | 1458 | A | Mensal |
Renda Variável | Sim | EUR | 6% | 150000 | 3,5% | 5250 | 438 | B | Mensal |
Renda Variável | Sim | USD | 4% | 100000 | 3,5% | 3500 | 292 | C | Mensal |
Misto | Sim | Ouro | 5% | 125000 | 2% | 2500 | 208 | B | Mensal |
Misto | Sim | Fundos MM | 20% | 500000 | 5% | 25000 | 2083 | B | Bimestral |
Misto | Não | Prev Privada | 354000 | 3% | 10620 | 885 | C | Bimestral | |
Imóvel | Não | Apto | 750000 | 4% | 30000 | 2500 | A | Mensal | |
Colchão | Não | SELIC | 232000 | 2,5% | 5800 | 483 | B | Mensal | |
Dia a dia | Não | FundoDI + Poupança | 58000 | 100% | 58000 | 4833 | A | Mensal |
Patrimônio alvo TOTAL | 3.894.000 | |
Em Dinheiro | 3.144.000 |
TR = taxa de retirada acima da inflação.
Para verificar os números acima de outra forma, usei o método descrito no post "Qual o número mágico ? Parte II". Inclusive, está na hora de publicar uma revisão (assunto pra outro post). Basicamente eu lancei os dados da curva de juros e inflação futuros (fonte) e obtive uma taxa de juros real que, se aplicada ao montante de despesas ali planejados, me dá um valor de patrimônio próximo ao contabilizado acima. Seria o valor necessário para garantir que o
Veremos a seguir o que seriam os 3 baldes e porque não me importo em dilapidar o patrimônio-alvo.
1. Dia a dia
Reserva de curto prazo. Aqui mantenho um ano de despesas, descontando a renda esperada de aluguel, FIIs e Ações. Um mês seria mantido em poupança e 11 meses em algum fundo DI com liquidez D+0. Uso a renda de aluguel, FIIs e ações para pagar as despesas fixas e vou retirando daqui o que for preciso pra cobrir o resto no dia a dia. Resgataria de preferência do fundo, deixando a poupança pra caso precisar de dinheiro fora do horário bancário.
Ao final do ano esta reserva ficaria zerada, sendo reposta no início do ano seguinte a partir dos próximos baldes.
Esta reserva faz parte da carteira A acima. Renda estimada de cada ativo:
Ao final do ano esta reserva ficaria zerada, sendo reposta no início do ano seguinte a partir dos próximos baldes.
Esta reserva faz parte da carteira A acima. Renda estimada de cada ativo:
Liquidez | Ativo | Renda mensal |
Mensal | FIIs | 1458 |
Apto | 2500 | |
FundoDI+Poupança | 4833 | |
Mensal Total - Mensal potencial | 8792 | |
Variável | Ações | 208 |
Variável Total - Mensal potencial | 208 | |
9000 |
2. Colchão
Reserva de médio prazo. 4 anos de despesas, descontando a renda esperada de aluguel, FIIs e Ações. Serve como primeira linha de defesa caso estas fontes falhem. Tudo alocado em Tesouro SELIC. Se tudo der certo e não precisar tirar nada daqui durante o ano fica uma rendinha extra estimada em 483 reais por mês pra crescer o bolo.
No início de cada ano resgataria preferencialmente daqui para preencher outra vez a reserva do dia a dia. O colchão será reposto caso o próximo balde tenha obtido lucro.
3. Alocação de ativos (Investimentos)
Seriam todos os ativos marcados como "Sim" na coluna "AA". É a reserva com ativos para longo prazo, menor liquidez ou maior volatilidade. Eventualmente se seus lucros forem suficientes eles podem pingar diretamente na reserva do dia a dia, caso contrário permaneceria intacta.
Alocação alvo:
Renda Fixa 45%
Renda Variável 25%
Multimercados 30%
Brincando com os números vi que 2,5 grandes milhos seriam suficiente nesse balde. Talvez um pouco menos... ponto em aberto.
7.588 x 12 = 91.056, ou seja, dá é sobra ! Essa sobra é mais uma linha de defesa.
CDBs, LCIs e LCAs vou organizando aos poucos pra ter pelo menos um papel vencendo a cada trimestre. Se for preciso retiro uma parte, se não reinvisto tudo de volta.
Tesouro Direto seriam os IPCA+ e pré-fixados normais mesmo, sendo vendidos ou comprados conforme a estratégia de alocação. Uma parte em SELIC talvez, pra amansar um pouco a volatilidade da marcação a mercado... Liquidez mensal no caso de vender os próprios títulos se precisar e trimestral caso no futuro eu opte por comprar os que distribuem cupons.
Debêntures e Ouro estou começando através de fundos, por isso coloquei como Misto e não Renda Variável. Mais pra frente, com mais tempo livre, posso mexer nisso. Debêntures é minha opção nesse momento em que o Tesouro está com juros mais baixos, do contrário eu nem incluiria na carteira.
A carteira C é composta de previdências privadas da empresa atual e anterior. Valor que eu até poderia retirar pagando multas e impostos, mas prefiro deixar lá até eu fazer 60 anos. Fica de herança se eu morrer antes. Minha idéia é deixar sempre com 10% do patrimônio, servindo assim pra pagar meu inventário.
Como disse a idéia é só mexer nessa carteira C se a coisa realmente apertar - queda do Tesouro, FIIs e ações deixando de pagar dividendos, falta de inquilino por longo tempo, etc... A carteira C seria a terceira linha de defesa.
Alocação alvo:
Renda Fixa 45%
Renda Variável 25%
Multimercados 30%
Brincando com os números vi que 2,5 grandes milhos seriam suficiente nesse balde. Talvez um pouco menos... ponto em aberto.
Carteiras A, B e C
Esta classificação se refere à prioridade para retiradas. A carteira A vimos acima, seria a fonte de renda para subsidiar meu dia a dia. A carteira B contém os ativos que serviriam para repor a reserva do dia a dia e o colchão, de acordo com a taxa de retirada estabelecida. Pelos números acima ela teria que gerar pelo menos 58 mil por ano, valor da reserva do dia a dia. Será que consegue ?Liquidez | Ativo | Renda Mensal |
Bimestral | Fundos MM | 2083 |
Debêntures | 469 | |
Bimestral Total - Mensal potencial | 2552 | |
Mensal | EUR | 438 |
Ouro | 208 | |
SELIC | 483 | |
Mensal Total - Mensal potencial | 1129 | |
Trimestral | LC*, CDB (incl FGTS) | 1406 |
Trimestral Total - Mensal potencial | 1406 | |
Trimestral/Mensal | Tesouro Direto | 2500 |
Trimestral/Mensal Total - Mensal potencial | 2500 | |
7588 |
7.588 x 12 = 91.056, ou seja, dá é sobra ! Essa sobra é mais uma linha de defesa.
CDBs, LCIs e LCAs vou organizando aos poucos pra ter pelo menos um papel vencendo a cada trimestre. Se for preciso retiro uma parte, se não reinvisto tudo de volta.
Tesouro Direto seriam os IPCA+ e pré-fixados normais mesmo, sendo vendidos ou comprados conforme a estratégia de alocação. Uma parte em SELIC talvez, pra amansar um pouco a volatilidade da marcação a mercado... Liquidez mensal no caso de vender os próprios títulos se precisar e trimestral caso no futuro eu opte por comprar os que distribuem cupons.
Debêntures e Ouro estou começando através de fundos, por isso coloquei como Misto e não Renda Variável. Mais pra frente, com mais tempo livre, posso mexer nisso. Debêntures é minha opção nesse momento em que o Tesouro está com juros mais baixos, do contrário eu nem incluiria na carteira.
A carteira C é composta de previdências privadas da empresa atual e anterior. Valor que eu até poderia retirar pagando multas e impostos, mas prefiro deixar lá até eu fazer 60 anos. Fica de herança se eu morrer antes. Minha idéia é deixar sempre com 10% do patrimônio, servindo assim pra pagar meu inventário.
Como disse a idéia é só mexer nessa carteira C se a coisa realmente apertar - queda do Tesouro, FIIs e ações deixando de pagar dividendos, falta de inquilino por longo tempo, etc... A carteira C seria a terceira linha de defesa.
E se tudo der errado ?
Basicamente é a mesma idéia da versão 1.0:- Cortar despesas é totalmente viável. Adiar aquela viagem pro exterior, troca do carro, cortar restaurante e outros pequenos luxos.
- Despesas reduzidas, aluguel baixando ou faltando, ações e FIIs sem pagar dividendos por vários anos: não restaria outra alternativa senão vender ativos, fazer retiradas acima da inflação e comprometer o principal dos investimentos.
- Governo dando calote nos títulos do Tesouro: neste cenário Mad Max, eu estaria morando no interior, com espaço para plantar e criar alguns animais para me alimentar. Ainda teria uma reserva em ouro e moeda estrangeira para complementar.
Não faço questão de deixar dinheiro para herdeiros. Prefiro investir em boa educação para gerar oportunidades com as quais eles enriquecerão sozinhos e quem sabe até me ajudarão se eu precisar. Nesse processo gerarão riqueza por si mesmos, melhorando um pouco o mundo a seu redor. Por isso não me preocupa consumir o principal do investimento por algum tempo se for preciso.
Pontos em aberto, pontos fechados
Consegui preencher um pouco mais as lacunas deixadas na versão 1.0 mas mesmo assim ainda não tenho certeza em alguns pontos. Pontos fechados:- Apartamento: vou mantê-lo até o momento em que o mercado estiver aquecido de novo e aí vender, aplicando o dinheiro
- Margem de segurança: contabilizada e parte integral do plano
- Renda mensal pra que ? Como assalariado sempre fui organizado e nunca vivi de contra-cheque em contra-cheque. Essa estratégia me permite sacar mais quando preciso e deixar rendendo em meses com menos despesas.
- Alocação ideal dos ativos: me incomoda tanto dinheiro em Tesouro Direto... muitos ovos numa única cesta. Aumentar alocação em FIIs ? Moeda estrangeira ? Ações ?
- Reinvestimento dos títulos: só Deus sabe qual taxa eu pegaria no vencimento de cada título, mas aí não tem muito o que fazer fora tentar superar a inflação
- Impostos: sem depender de cupons do TD, resgatando apenas o necessário pro dia-a-dia, resolve-se parcialmente a questão da ineficiência tributária e o bolo tem mais liberdade para crescer. Porém na versão 2.0 eu pagaria imposto 2 vezes: ao resgatar do colchão/carteira B para preencher a reserva do dia-a-dia e outra vez ao resgatar dali. Resgatar do direto do colchão nos 2 primeiros anos ? Aumentar a reserva do dia-a-dia para 3 anos ?
Conclusão
Muito complicado ? Complicado mesmo é juntar essa grana. Resiliência é a arte de se foder e continuar de pé. Não quero virar vagabundo. Eu preciso.
Fica a idéia pra quem quiser aperfeiçoar e adaptar pra sua realidade ou gosto pessoal. Este plano é um trabalho em progresso. Críticas e sugestões são bem vindas.
É claro que existe risco. Mas nessa vida nada é garantido. Você pode trabalhar até os 70 anos, juntar 10 milhões de dólares e no dia seguinte sofrer um acidente ou ataque cardíaco, sem aproveitar nenhum fruto do seu trabalho. Ou você pode trabalhar menos tempo, juntar menos dinheiro e se aposentar mais jovem, com mais energia pra aproveitar o que construiu. Porém aumenta o risco de acabar o dinheiro. É uma questão de escolha e a minha está feita.
Para diminuir o risco de acabar o dinheiro, estruturei as várias linhas de defesa explicadas acima: "colchão", carteiras B e C. Fora isso, ainda pretendo trabalhar com algo que me interesse e gerar alguma renda pelo menos nos primeiros anos de IF.
E assim começa a contagem regressiva... Faltam 353 dias.