Este outro artigo do UOL destaca a grande diferença entre os valores para uma criança da periferia (classe D) e outra de um bairro nobre (classe A). A família da classe D deve gastar 60 mil (um pouco abaixo do estudo), enquanto que a da classe A 5 milhões (bem acima do estudo).
Aí você pode parar e pensar: mas não são todas crianças, com as mesmas necessidades de alimentação, educação, lazer e amor ? Porque tanta diferença ? Porque uma precisa de milhões e a outra menos de 100 mil ?
Tinha um artigo de um médico chamado Juan Lobo, publicado em seu blog, que fazia exatamente esse questionamento. Infelizmente tanto o artigo como o blog sumiram do mapa. Tendo em vista o estudo que mencionei acima (o do Dinheirama), ele calculou baseado na necessidade de calorias e no custo da cesta básica, conforme a idade, quanto alguém gastaria pra alimentar uma criança e quanto de fraldas iria gastar. Era muito interessante, uma pena que sumiu.
Curiosamente esse médico concluiu que a quantia necessária era compatível com aquela estimada para a classe D, cerca de 60 mil reais de 2013, equivalente a 85 mil de hoje. Incrível, não ?
É claro que é um valor muito baixo, pois onde fica curso de inglês, natação, viagens, etc ? É que nesse artigo ele se propunha a calcular o custo do básico indispensável pra criar um filho: saúde, higiene, educação e alimentação. Ele contava que se usaria saúde e educação públicas. De fato dá uma baita economia, mas a que preço ?
A pegadinha
Uma coisa é fato: sempre que você vê pela estatística do governo ou de alguma pesquisa que na média uma família gasta X com isso ou aquilo, quase sempre isso quer dizer que pessoas financeiramente conscientes como os entusiastas da IFAP (ou FIRE) podem gastar bem menos sem sacrificar a qualidade. Principalmente se você olhar os números das classes A e B, que tem mais "bala na agulha".
Isso porque uma família média das classes A e B simplesmente gasta demais em quase tudo. Como a maioria das famílias não tem objetivos financeiros, elas simplesmente gastam tudo que ganham.
O finado artigo dizia:
"As sugestões levam em conta gastos médios (não extravagantes) de uma família de classe média da Barra, Rio. Estes gastos variam muito."
Levando em conta as sugestões, o custo total ficaria em 870 mil, mais um custo de oportunidade que eu estimei em 2% ao ano, resultando em 912k. Compatível com o estudo do Dinheirama para uma família da classe B.
Meu número mágico
Sabendo da pegadinha, naquele vôo Caracas-São Paulo peguei as tais sugestões e fiz uns ajustes de acordo com a minha realidade. Já não tenho o valor original, porém revisei esses dias e cheguei a um valor próximo a 750 mil reais, incluindo o custo de oportunidade. É o que eu precisaria se tivesse um filho hoje.
De fato ficou bem abaixo de 1,5 milhões, valor estimado para a classe B naquele artigo de 2013, já corrigido pelo IPCA.
Pra quem quiser brincar com os números, a tal planilha pode ser baixada AQUI.
Veja também:
Será que é por aí mesmo ?