Hoje um post no estilo do inimitável colega SoulSurfer, do blog Pensamentos Financeiros. :-)
Nossa sociedade tende a demonizar o sucesso, a condenar quem se dá bem e é talentoso. Obviamente, as pessoas não dizem isso. Esse ato baseado na inveja do sucesso dos outros tem consequências claras: somos menos livres do que pensamos, porque somos altamente condicionados pelo meio ambiente. O medo de ser o elemento discordante em um grupo lança as bases para uma patologia conhecida como Síndrome de Solomon.
É um distúrbio caracterizado por o sujeito manifestar reações como tomada de decisão ou comportamento, evitando se destacar no ambiente social que o cerca. É comum que essas pessoas se impeçam de seguir o caminho desejado, tentando não deixar o caminho comum em que a maioria da população está. A síndrome de Solomon, portanto, mostra baixa auto-estima e falta de autoconfiança. As pessoas afetadas acreditam que seu valor depende de quanto são valorizados pelas pessoas no seu ambiente
Assim, um dos medos do ser humano é se destacar e se diferenciar. Os julgamentos de valor (às vezes, sem nenhuma referência ou conhecimento) e as críticas que recebem de outras pessoas motivadas pela inveja se tornam um vírus que paralisa seu progresso.
É importante notar que há uma parte importante da sociedade com medo de chamar muita atenção, por medo de que outros possam se sentir ofendidos por suas realizações, virtudes e sucessos.
Para demonstrar a influência que um grupo pode ter sobre um determinado indivíduo, em 1951 o psicólogo americano Solomon Asch foi a um instituto para realizar um teste de visão. Pelo menos foi o que ele disse aos 123 jovens voluntários que participaram (sem saber) de um experimento sobre comportamento humano em um ambiente social. O experimento foi muito simples. Em uma sala na escola, ele se juntou a um grupo de sete alunos, conhecidos seus. Enquanto isso, um oitavo aluno entrou na sala acreditando que o restante participava do mesmo teste de visão que ele.
Posando como oftalmologista, Asch mostrou três linhas verticais de comprimentos diferentes, desenhadas ao lado de uma quarta linha. Da esquerda para direita, o primeiro e o quarto mediam exatamente o mesmo. Então Asch pediu que eles dissessem em voz alta qual das três linhas verticais era a mesma que a outra traçada ao lado. Ele o organizou de tal maneira que o aluno que era a "cobaia" do experimento sempre respondia por último, depois de ouvir a opinião dos outros.
A resposta era tão óbvia e simples que quase não havia espaço para erros. No entanto, os sete companheiros de Asch davam a mesma resposta errada, um por um. Para disfarçar um pouco, eles concordaram que um ou dois dariam outra resposta, também errada. Este exercício foi repetido 18 vezes para cada um dos 123 voluntários que participaram. Todos eles foram feitos para comparar as mesmas quatro linhas verticais, colocadas em ordem diferente.
O resultado foi que apenas 25% dos participantes mantiveram seus critérios toda vez que foram solicitados; o resto foi influenciado e arrastado pelo menos uma vez pela visão dos outros. Depois de concluir o experimento, os voluntários reconheceram que "eles distinguiam perfeitamente qual linha estava correta, mas que não a haviam pronunciado em voz alta por medo de estarem, errados, de serem ridicularizados ou de serem o elemento discordante do grupo".
Este estudo continua a fascinar pesquisadores do comportamento humano. A conclusão é unânime: estamos muito mais condicionados do que pensamos. Para muitos, a pressão da sociedade continua sendo um obstáculo intransponível.
No entanto, inconscientemente, muitos de nós têm medo de chamar muita atenção - e até de ter sucesso - por medo de que nossas realizações perturbem os outros. Essa é a razão pela qual, em geral, sentimos pânico ao falar em público, pois, por alguns momentos, nos tornamos o centro das atenções. E assim, estamos expostos ao que as pessoas podem pensar de nós e, portanto, vulneráveis.
Particularmente lembro muito bem que quando tinha uns 8 anos na escola eu ia muito bem mas aquilo chamava demais a atenção da molecada. Eu sabia a matéria mas num certo momento parei de responder as perguntas que a professora fazia a todos durante a aula. Preferia não participar, ser só mais um calado na sala.
Décadas depois numa fase de muito stress no trabalho percebi que quem segurava o rojão recebia mais e mais buchas, enquanto que quem fazia o arroz com feijão não era tão exigido. Mais uma vez vi que se destacar não era bom, era melhor fazer só o básico, só o essencial.
Hoje em dia grande parte do meu círculo social não sabe que estou num sabático, vivendo do vento. Porque não falo abertamente ?... Síndrome de Solomon, quem sabe. É ridículo que eu me importe com o que iriam pensar. A imensa maioria, que está firme na corrida dos ratos, sequer entenderia. Mas mesmo assim opinaria, é claro.
Por outro lado, a Síndrome de Solomon pode explicar porque a imensa maioria dos que teriam condições de alcançar a IF continua na corrida dos ratos. De repente a pessoa percebe que há saída, mas como não conhece ninguém que toma esse caminho, prefere continuar onde está para não se diferenciar e ser questionada ou hostilizada.
Você conhecia esse distúrbio ? Se identifica ou conhece alguém que seja "maria-vai-com-as-outras" ?