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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

100 dias de “vagabundagem”


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100 dias sem pisar num escritório, participar de conferências, reuniões improdutivas, fazer malabarismo com várias tarefas “urgentes”, “importantes” e conflitantes entre si, responder e-mails a toque de caixa, ter que ouvir pacientemente os desejos e caprichos de clientes e gerentes.

100 dias sem ver a cor de um contra-cheque.

Não significa 100 dias sem problemas ou sem stress. O que eu menos fiz vou vagabundar. Nesse período trabalhei como carpinteiro, chofer, babá, encanador, secretária, office boy, pedreiro, psicólogo, doméstica e sei lá mais o que.

O que mudou ?


Parti para um auto-exílio e vim parar numa pequena cidade na Europa. Não importa exatamente onde nem como pois o foco do blog não é cultura ou imigração e sim finanças pessoais e a jornada rumo à independência financeira. Pretendo ficar por aqui alguns anos e voltar pro Brasil, a menos que nesse meio-tempo o fascismo de esquerda ou direita tenha “venezuelizado” o país. O motivo da mudança foi expor minha filha a outro idioma e poder viajar com certa facilidade pelo velho continente, coisas que estando no Brasil ficariam bem mais difíceis. Tirar cidadania é a cereja do bolo – um plano de fuga caso um dia precise.

Foi uma mudança bem cansativa. No começo dos preparativos eu ainda estava trabalhando normalmente então imaginem: preparar mudança internacional de mala e cuia e ainda ter que enfrentar trânsito pra passar 9 horas por dia pressionado dentro de uma sala de reuniões. Quem acompanha o blog deve ter percebido como as postagens minguaram.

Chegando aqui tive, como previsto, grande dificuldade pra alugar apartamento. Tive que diminuir exigências e por fim consegui alugar uma casinha meio afastada da cidade que veio com alguns probleminhas, os quais só descobri depois de entrar. Arrumar eu mesmo ou procurar alguém que o fizesse tomou bastante tempo também. Lembro de ter passado um sábado quase inteiro pra trocar a fechadura duma porta que estava prestes a se fechar trancando alguém pra dentro. E por aí vai.

Levo um estilo de vida sem nenhum glamour. Moro numa rua pequena, habitada por gente humilde e aparentemente sem muita instrução. Todos são daqui, ninguém tem pinta de gringo. Não tenho carro e isso nos obriga (sob protestos da patroa) a andar de ônibus ou debaixo do sol escaldante do verão pra fazer as coisas do dia a dia.

Meu custo de vida continua o mesmo do Brasil, mesmo levando esse estilo de vida mais humilde. Lá tudo era mais confortável, sem dúvida. Porém replicar aqui aquele estilo de vida me levaria à falência. Tem sido uma experiência de auto-conhecimento. Estou vendo o quão pobre consigo ser sem dar nos nervos. Algumas coisas me irritam – a cidade muito pequena, a falta de mobilidade e de identificação com o povo do lugar. Não é exatamente o que eu sonhei para um pós-IF mas vou ter que engolir por enquanto, ficar pianinho pelo menos nesse primeiro ano.

O que não mudou ?


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IF não é a solução de todos os males, eu já sabia disso. E posso confirmar que não é mesmo. Você se livra de vários problemas e vários novos aparecem. Alguns você não via pois estava ocupado com o seu emprego. Outros já existiam mas pelo mesmo motivo você não tinha clareza de sua proporção. Já passei por algumas semanas onde eu quis mesmo enfiar a cara no trabalho pra esquecer dos problemas em casa. Agora não dá mais, não tenho mais esse esconderijo.

Por causa da escolha que fiz (mudança internacional), meu custo de vida continua o mesmo.

Reclamações da patroa continuam do mesmo jeito, porém tenho que ouvir com mais frequência por estar mais tempo em casa.

As contas continuam chegando – água, gás, aluguel, telefone, internet, cartão de crédito, etc.

As pessoas te tratam do mesmo jeito – bem ou mal.

Mas valeu a pena ?


Hell YES !

Já vi isso em alguns lugares e vou repetir aqui: prefiro um dia ruim vagabundando do que um dia bom trabalhando numa empresa. 

Eu sei que um dia ruim como vagabundo tem conserto, tem como e vai melhorar, pois agora tenho tempo pra lidar com os problemas fora do trabalho e pra desenvolver meus projetos pessoais. 

Já um dia bom no escritório é só isso – logo vem mais um projeto estressante, um cliente insuportável, um gerente sem noção, uma meta absurda pra cumprir.

Como as pessoas reagem ?


“Aposentado” é uma palavra muito forte, nem pra mim mesmo eu digo isso, quanto mais pra amigos ou pra alguém na fila do mercado. Pra mim estou num sabático por tempo indeterminado.

Pra quem perguntar digo que sou freelancer em TI, trabalho em casa pela internet. Não é mentira, tenho mesmo vontade de fazer isso. E pra quem não perguntar não falo nada e pronto.

IF é um assunto tabu, não adianta. Não dá pra comentar com ninguém, só aqui na blogosfera mesmo. É pior que o cidadão se assumir homossexual. Enfrenta-se mais preconceito, ódio e incompreensão.

E as finanças ?


Por enquanto o patrimônio tem crescido. Só não cresceu mais pois tive muitas despesas pra fazer a mudança e se estabelecer. Ainda estou bem no começo, deixa rolar mais uns meses, e ano que vem vejo se preciso rebalancear. Lembrando que estou gastando em euro tendo a maior parte da carteira em reais, mas assumo esse risco pois serão apenas alguns poucos anos. Estou preparado pra continuar nessa mesmo com mais alguma valorização do euro.

O que eu recebo de aluguel e dividendos de FIIs e ações é suficiente pra cobrir meus custos fixos. O resto tenho retirado da minha reserva em euros. A partir do ano que vem vou por em prática minha estratégia mirabolante pra viver de renda passiva

Próximos passos


Ainda tenho umas coisinhas pra resolver aqui mas enfim retomei meus exercícios e agora é partir pra mais um monte de coisas que ficaram pendentes:
  • projetos pessoais, incluindo este blog
  • vida social
  • fazer freelances de vez em quando
  • cursos de desenvolvimento web, música, carpintaria, culinária
  • explorar fontes de renda passiva ou semi-passiva via internet
  • por a leitura em dia (pensando em assinar Amazon Prime)
  • meditação
Com tanta coisa pra fazer, não sei como tinha tempo pra ter um emprego.

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domingo, 1 de setembro de 2019

Balanço - Agosto/2019


E a vida vai se normalizando. Retomei minhas atividades físicas. Coloquei cordas na guitarra. Ainda não cheguei numa rotina mas não posso reclamar. Às vezes me pego em plena segunda-feira às 11 da manhã com minha filha no parquinho ou fazendo compras no mercado. Aí lembro que são essas as coisas que a IF proporciona.

Grande novidade é que a partir deste mês meu apartamento virou mais um ativo na carteira: recebi o primeiro aluguel. Mais uma fonte de renda !

Tive uma proposta pra fazer um freelancer mas era justamente numa semana em que estava viajando. Teria sido bem legal ganhar um dinheirinho extra. Uma hora rola. Fazer uns freelances assim de vez em quando eu acho legal. Ficar meses a fio numa empresa só é que não dá mais. Se me deixassem trabalhar meio período certamente não teria saído do mundo corporativo agora, dava pra aguentar mais um pouco.


Esse mês aproveitei as quedas e comprei mais um pouco de ações e FIIs com uma grana que eu tinha num CDB 100% do CDI. Pelo que vi já deu retorno.


Falando em renda variável, um dia estava vendo algo no Youtube e me apareceu esse vídeo abaixo. Tenho que compartilhar porque me deixou perplexo. O cara em 20 minutos torra 450 mil na bolsa. E eu às vezes fico uma hora olhando pra ver onde vou investir 2 contos. Vejam, mas tem que ter estômago ! Tirem as crianças da sala !






Os números de agosto/2019:
  • Tesouro direto (Pré-fixado, IPCA, Selic): -0,56% - marcação a mercado é isso aí
  • FGTS: 0,24% - a mesma merda de sempre
  • Ações: -1,42% - dancei, mesmo tendo vendido WEGE3 e LAME4 no topo no início do mês
  • FIIs: -0,57% - meu querido ABCP11 micou e quase tudo caiu esse mês
  • EUR: 7,27% - euro disparou
  • USD: 7,67% - dólar disparou

Alocação atual:

Renda Fixa
Renda Variável
Multi mercado
43%
30%
27%


Outros ativos:
  • Colchão de segurança (Tesouro SELIC, Fundo DI):  0,39% - mais que isso não vai

Concluindo:
  • Rendimento global da carteira: 0,73% - não posso reclamar; no ano acumulo 8,4%
  • Taxa de retirada: 0,08% - dentro da meta. 
Nesse momento estou planejando uma taxa anual de retirada por volta de 3,4% no máximo, o que daria uma retirada mensal de 0,28%. A taxa de retirada é calculada em cima do patrimônio do mês anterior (imóvel e investimentos), já descontando dividendos e aluguel recebidos neste mês. Ou seja é retirada mesmo. 


Todas rentabilidades acima são líquidas, com exceção de previdência privada. Já está descontado IR e taxas para se desfazer dos ativos. Para ativos no exterior considerei um ágio de 5% no câmbio se quisesse trazer tudo pro Brasil, mais multas e impostos.



Indicadores do mês:
  • CDI: 0,50%; no ano acumula 4,18%, ou seja, nesse ano até agora estou a 200% do CDI ! Loucura !
  • IPCA: 0,11%; no ano seriam 2,54%
  • Poupança: 0,34%; no ano 2,98%

Próximos passos

FIIs agora acho que só entro se for subscrição. Vi que vai ter do HGRE11 e HTMX11. ABCP11 depois de tantas alegrias entrou pro time dos micos ao lado de FAMB11B e MFII11. Pior que o shopping em si é bom, uma fábrica de dinheiro, tá sempre lotado. Renda variável não é pra qualquer um. Aproveitei a queda pra comprar mais e vou segurar mais um pouco.

Quanto à ações estou querendo dar uma olhada se tem algum fundo que valha a pena. Já comentei que não tenho competência pra selecionar as barganhas do mercado. Até gostaria de estudar pra adquirir tal competência porém tem mais um monte de coisas que eu quero estudar e fazer, então tenho que fazer uma escolha. Penso em deixar 10% da carteira num fundo e seguir com algumas blue chips em 50%, mais 40% em ETF. Bem conservador, visando o longo prazo.


Renda fixa está um mato sem cachorro. Vence um CDB em setembro e devo reaplicar por falta de opção. A verdade é que estou muito próximo da minha alocação de ativos ideal.


No próximo post farei um balanço sobre os primeiros 100 dias sem trabalhar, vagabundando pelo mundo e vivendo do vento, de renda passiva e de rendimentos. Não perca !