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quinta-feira, 17 de junho de 2021

2 anos de sabático: valeu a pena ? Reflexões, frustrações, sonhos e alucinações

Já se foram dois anos de vagabundagem, vivendo do vento e de renda passiva.

Não tenho dúvida de que foi uma das melhores decisões que tomei. 

Nem tudo foram flores mas no final o saldo é bastante positivo.

Finanças

Vamos aos números finais da brincadeira:
  • Crescimento real do patrimônio: 1,6%
  • Despesas foram pagas com os seguintes recursos
    • Dividendos de FIIs: 26,8%
    • Dividendos de Ações: 4,8%
    • Cupons do Tesouro Direto: 1,7%
    • Aluguel: 31,2%
    • Rendas não-recorrentes: 14%
  • Os 21,5% restantes, não cobertos por esses recursos, resultaram em taxas efetivas de retirada de 0,30% no primeiro ano e 0,73% no segundo, sobre todo o patrimônio (imóvel + investimentos)
De renda ativa nesse período tive uma diferença de rescisão e uns trocados de uma pequena consultoria que fiz. Só.

Apesar de ter se mantido baixa a taxa efetiva de retirada mais que dobrou de um ano pro outro. Rentabilidade menor e despesas maiores dá nisso.

Saúde

Me exercitei consistentemente e até aprendi a andar de bicicleta. Só não evoluí a ponto de correr uma boa distância por causa da maldita pandemia. Ganhei alguns quilinhos. Não dá pra ficar treinando de máscara, sinto muito. Fiquei só nas caminhadas mesmo, que continuam sendo um dos meus momentos preferidos. É um momento MEU. Eu sozinho batendo perna, ouvindo meus podcasts e pensando na vida.

Pretendo continuar de alguma forma. Acho que vou tentar voltar do trabalho andando e nos fins de semana ir pra uma caminhada mais extendida.

Por fim tomei há poucos dias a primeira dose da vacina anti-corona.


Pessoal

Foram incontáveis momentos com a minha filha que acredito terem criado um forte laço. Levando no parquinho, indo pra escola ou alguma atividade extra-curricular, fui parte do seu dia-a-dia. Teria perdido muita coisa se estivesse num emprego em tempo integral.

Grande parte do meu tempo foi cuidar da casa e do bem estar da família. O lance que eu postei sobre a jarra com pedrinhas e areia foi uma constante.

The best of the best

Os primeiros 100 dias foram bem estressantes. Depois de tudo resolvido iniciou-se uma rotina. Houve um período mágico, de outubro/2019 até fevereiro/2020, onde a carteira cresceu, eu estudei música, finanças, caminhei, corri e viajei livremente. Depois continuei sim fazendo minhas coisinhas, mas com tanta restrição já não era a mesma coisa.

Ficam memórias muito legais. Os momentos mais simples foram os meus preferidos:

- levar minha filha à tarde pra atividades extraescolares, depois dar banho, lanche, brincar, jantar e por pra dormir

- as manhãs na biblioteca mexendo em planilhas e resolvendo umas burocracias; depois sentar no banco de uma praça pra comer um sanduíche e em seguida fazer uma longa caminhada pela cidade

- aprender a andar de bicicleta, poucos dias antes de sermos confinados

- ensinar minha filha a andar de bicicleta

- testemunhar a queda de seu primeiro dente de leite enquanto tomávamos café da tarde durante o primeiro confinamento

Curiosamente, quase tudo foi antes da pandemia.

Cagadas

Meu maior erro foi não ter alinhado uns frilas antes de chutar o balde. Não me preparei, não procurei como funcionava, não corri atrás. O mesmo para negócios on-line. Fiquei só observando, não consegui por nada em prática. Era pra ter algo mais concreto em mente.

Minha vida social foi um fracasso. Fiz alguns poucos amigos num curso e quando me mudei pro centro da cidade, onde está o movimento, o governo começou a obrigar uso de máscara, distancia social, mandou fechar bares e comércio mais cedo, acabando ou restringindo minhas possibilidades de socialização. Alguns bares promoviam encontros de estrangeiros, músicos amadores e intercambio de idiomas. Por vários meses não rolou nada.

Os músicos da cidade penduraram a chuteira e ninguém mais procurou ninguém pra montar nenhuma banda ou projeto porque as casas noturnas foram todas fechadas. Também houve um período em que ficamos confinados na própria cidade, impedindo de você por exemplo ir ensaiar com alguém na cidade vizinha. 

Agora vou pra outra cidade trabalhar e vamos ver o que acontece, se no escritório a galera é gente fina e se os músicos locais se animam a fazer alguma coisa apesar das restrições. Decidi não fazer mais nenhum curso presencial enquanto perdure essa peste e a obrigação de usar máscara. Se comunicar numa língua estrangeira com máscara é um martírio que prefiro evitar.

Ficou pra próxima

Fica a lista de coisas pra fazer ou aprender no próximo sabático:
  • desenvolvimento web
  • produção musical
  • carpintaria
  • culinária
  • cultivar uma horta
  • meditação
  • Livros: estava mais ou menos até começar a pandemia, daí bagunçou toda minha agenda. Depois inventei de fazer uns cursos pra me reciclar e assim arrumar mais fácil algum frila, enterrando de vez o projeto

Conclusão

Uma das melhores coisas que já fiz. Acho que tem coisas que aprendi que nem me dei conta ainda. A vida é uma só, a gente tem que se arriscar de vez em quando. Qual o pior que poderia ter acontecido ? Ter gastado todo o dinheiro ? Trabalho e ganho mais, oras. Problemas sempre existirão, IF não é o remédio para todos os males.

Esperar o alinhamento de todos os astros pra fazer uma grande mudança é utopia. Sempre vai ter algo pra atrapalhar. No fim você tem que ir na fé mesmo. Feito é melhor que perfeito.


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12 comentários:

  1. Vagabundo, seu aproveitamento e experiência de IF foi bom e muito válido.
    Mesmo que você estivesse trabalhando e cheio de compromissos, você também não faria coisas, não atingiria todos os objetivos, isso faz parte, não é pela IF que não conseguiu tudo, teve a Pandemia também que deu uma bagunçada.
    Tem muita gente por aí que se esconde no trabalho, gosta do trabalho pra não ficar em casa, pelo status(em alguns caso), pela posição que ocupa, pra não tem que conviver com cônjuge entre outros fatores que nada tem haver com satisfação pessoal ou vontade de ser útil.
    Portanto estar num emprego em muitos casos é mais pra cumprir tabela. Conheço um cara que tem filhos, mas não gosta muito de criança, não tem perfil pra cuidar de criança e esse cara faz várias coisas, está sempre se comprometendo com algo em grande parte por isso. Uma fuga.
    Vai perder a convivência que você teve e pode se arrepender disso algum dia. Aliás quantos pais enfiam seus filhos em creches, escolinhas e afins em grande parte por não disposição pra ficar com eles? Há falta de tempo pelo trabalho, mas em muitos casos há a falta de perfil de pai ou mãe.
    Outros tantos não aguentam mais suas esposas ou maridos.
    Pelo jeito você não faz parte desse grupo e isso é bom.
    Você considera que a experiência que teve valeu a pena, isso que importa, muito mais que qualquer discussão sobre IF.

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    1. Excelente comentário anon ! Também vejo que muita gente usa o trabalho como fuga. Eu também sou fujão, só que uso outras coisas como música e esportes. Obrigado pelo apoio e pelo comentário !

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  2. Fala meu amigo, que relato legal!

    Você aproveitou bem na minha visão, não deixou ficar abalado com "meus deus eu não tenho trabalho" e nem subiu na cabeça aquele empasse psicológico de "não ser ninguém", bem legal o relato, acho que o que mais gostei foi vc aprender a andar de bike com sua filha. Na facu tinha um amigo que não sabia andar de bike e ele tinha "vergonha" por já ser velho, daí a gente foi ensinando ele e em uns 20 dias ele já andava tranquilo. Lógico que era todo desengonçado qnd ia pra aula e o pessoal até dava aquela zuada boa, mas no fim ele estava se locomovendo entre A e B de bike e era oq importava, ou seja, nunca estamos velhos pra aprender algo novo, nem que esse algo novo seja de criança rsrs

    Abçs

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    1. Se não fosse essa parada eu nao teria aprendido. Na loucura do dia-a-dia realmente nao dava. Que bom que curtiu o post. Obrigado pelo comentario, abs !

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  3. Caraca, QVV! Até arrepia ler seu relato, obrigado por compartilhar!

    Sobre andar de bike, correr, sou apaixonado pelas 2, continue praticando isso, seja sozinho na boa companhia dum bom podcast ou seja com família, sua filha e tal, além de fazer super bem pro corpo, criará um laco familiar legal, irá conhecer bastante coisa nas redondezas por ai... e isso é show.

    Abraços,

    E viva as mudanças que vida nos proporciona, isso sim é a good life tão esperada por todos.

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    1. A única constante é a mudança. Vamos que vamo. Fico feliz que tenha curtido o relato, agradeço o apoio ! Até a próxima !

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  4. Que balanço de vida legal... Bacana que você viu que poucas coisas saíram conforme o planejado, seja financeiramente (vide a TR dobrada de um ano pra outro), seja na vida pessoal (pandemia, relacionamento com a patroa, projetos não executados).
    A vida é isso aí, Vagabundo. Você chutou o balde quando quis e deu uma chance pra vida que sonhava. Ficarei na torcida pra que sua cidade aí retome logo o "antigo normal" e você possa fazer novas amizades e atividades, além do trabalho.
    No próximo sabático você tira o atraso do que não fez. Agora é hora de cuidar das pedras do seu pote.
    Abraço

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    1. Pois é, essa vida é vc numa carreta desgovernada descendo a ladeira sem freio. Tem que aproveitar pq lá no final vc vai se esborrachar. Obrigado pela visita, abs!

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  5. Que legal sua história. Minha meta de vida é essa também: Feito é melhor que perfeito. Parabéns! Se puderem, vejam meu blog também, estou começando agora, ainda pegando o ritmo.

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    1. Obrigado pelo apoio! Bem vinda blogosfera, divirta-se ! Abs

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  6. Olá Vagabundo! Muito interessante a sua análise. Caminhar sem destino nem compromisso realmente é bom demais!!! Rsss. Pelas suas reflexões eu percebi que já estou numa vida bem compatível com o que eu gostaria de ter após me tornar fire, eu apenas intensificaria os meus prazeres nem teria preocupações de trabalho. Obrigada por compartilhar!

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    1. Oi Ellen, de fato o recomendado é isso, montar a vida que vc quer e entao guardar grana para financia-la. Tá em bom caminho. Sucesso e obrigado pela visita !

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